Todos os dias ele passava em frente aquela casa da mesma rua onde morava com a esposa lá pelas oito da manhã.
Mochila nas costas, ia pegar o ônibus em direção ao trabalho na avenida mais próxima.
Ao passar pela casa 87, sentia o cheiro de bolo quentinho que saía do forno. Ficava com água na boca todos os dias, sem excessão.
Foi a mesma história de segunda a sexta quando ia trabalhar, aos sábados quando levava o sobrinho no futebol e aos domingos quando passava para a Igreja com a mulher.
“Deve ser boleira”, pensava ele sobre a dona da casa.
Certo dia, depois de uns cinco ou seis anos sentindo aquele aroma doce, o cheiro não veio, ele parou em frente a casa, querendo encontrar o "seu cheiro" mas sem sentir nada.
Então pensou se estava resfriago, lembrou que não tinha riniti, sinusite ou asma. Descontente e pensativo foi trabalhar.
Ao retornar da labuta, conversou do acontecido com a esposa.
Perguntou se ela viu algum carro de mudança, ou conversa dos vizinhos, nada.
- Por que o cheiro do bolo sumiu? - Perguntou o senhor.
- Amanhã eu descubro! - Disse sua mulher.
Ao voltar do serviço, ele teve uma surpresa:
- Amor, não foi mudança, não foi desgraça, o casal que lá mora tem um menino que tem alergia a glúten e como é muito doce na escola por causa das crianças, a mãe fazia todo dia um bolo fresquinho pra ele levar, ele enjoou de bolo e ele pediu pra mãe dele fazer gelatina, só isso.
- E eu fico sem o cheiro gostoso?
- Aaaaaaaaah, homem chato!
Por Eliaquim Batista.
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