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ARTIGO | Por que tantos filmes de sucesso são baseados em livro?

É impressão ou estamos indo mais vezes ao cinema para assistir adaptações dos livros?


Alguns filmes que são baseados em livros e estão em alta atualmente
Alguns filmes que são baseados em livros e estão em alta atualmente

Com o audiovisual nacional em alta devido a sucessos como Ainda Estou Aqui, O Auto da Compadecida 2 e Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, é possível ver brasileiros de diferentes públicos irem ao cinema assistir um filme brasileiro. Isso porque, dos citados acima, temos um drama, uma comédia e um infantojuvenil.


Cada um deles tem motivos próprios para serem sucesso de bilheteria. O filme protagonizado por Fernanda Torres vem sendo ovacionado desde a sua estreia com a esperança de um Oscar para terras tupiniquins, e após a brasileira receber o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, a procura pelo longa de Walter Salles aumentou ainda mais. Inclusive, cinemas que já tinham tirado o filme de cartaz, decidiram deixar o filme novamente disponível ao público.


Já os motivos de sucesso dos outros dois nacionais citados, são diversos, mas os três têm algo em comum e viraram filmes pelo mesmo motivo de outros longas indicados ao Oscar terem ganhado adaptações para o audiovisual é mais simples do que muitos imaginam: Serem baseados em livros ou projetos literários.


Ainda estou aqui (Alfaguara), é baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva; O Auto da Compadecida (Nova Fronteira) é inspirado no livro e peça de teatro de Ariano Suassuna, mas vale ressaltar que ele não pensou em uma continuação da saga de João Grilo e Chicó, mas o humor, as críticas sociais e a fé do sertanejo, pontos sempre destacados no movimento Armorial, estão bem presentes no filme; e Chico Bento (Panini) é um dos personagens do famoso Maurício de Sousa.


E isso tem sido mais frequente em nossos dias do que imaginamos, pois só na categoria mais importante do Oscar, a de Melhor Filme, e em que o brasileiro Ainda estou aqui concorre, outros filmes traçam a mesma característica de sucesso dos filmes brasileiros aqui citados: entre eles, o polêmico Emília Pérez, baseado no livro Écoute, de Boris Razon (sem versão em português); as fantasias Duna – parte 2, baseado na obra de Frank Herbert (Editora Aleph), e Wicked, de Gregory Maguire; a cinebiografia de Bob Dylan, intitulada Um completo desconhecido, da obra de Elijah Wald, sem tradução para o português; o drama racial Nickel Boys, do autor Colson Whitehead e no Brasil intitulado O reformatório Nickel (Harper Collins Brasil); e um dos favoritos, Conclave (Alfaguara), de Robert Harris.


Logo, só o terror psicológico A substância, a comédia romântica Anora e o filme com mais de três horas e meia de duração, O brutalista, são enredos inéditos, e que, por coincidência, os três concorrem ao Oscar também na categoria de melhor roteiro original.


Cartaz de Wicked, longa inspirado no livro de Gregory Maguire
Cartaz de Wicked, longa inspirado no livro de Gregory Maguire

 

E por que isso acontece? É mais fácil já que a história está pronta?

E a resposta é não. Algumas vezes, a adaptação de uma obra literária para o teatro ou para o cinema, como é o caso, é muito mais complicada do que criar algo do zero. Recentemente, o diretor de teatro Luccas Papp produziu a adaptação do livro Libélula, um romance de Marcos Lacerda, e em debate com o público após uma das apresentações do espetáculo, o dramaturgo comentou exatamente isso e a dificuldade em transformar algo já criado em uma nova obra de arte sem modificar algo pensado originalmente.


Mas adaptações são feitas, a maioria das vezes, por um simples motivo: O enredo já foi testado, os livros escolhidos são best-sellers e, com isso, o público é garantido, ao menos de fãs do autor ou da obra. E o fã faz de tudo pelo que ou quem ama.


Isso é visível também nas sequências, como o caso do sucesso Divertida mente 2 e a franquia Toy Story, que, no ano que vem, chega a seu quinto longa-metragem. E no Brasil, filmes que muitas vezes não teriam tanta repercussão caso não tivessem sido herança de outro produto, como Carrossel – O Filme e Crô – O Filme.


E este fenômeno acontecer com frequência hoje é porque vivemos um tempo tão incerto mesmo para o cinema, visto que foi um setor que ficou fechado por no mínimo dois anos, além do boom das mídias sociais de vídeo e uma luta incansável contra os streamings. Logo, levar para as salas de cinema algo totalmente novo, há um risco maior de insucesso do que trazer uma adaptação da literatura que já vendeu milhares de exemplares ou de um autor famoso.


Logo, a lição que podemos tirar do Oscar 2025 é que os estúdios estão sendo mais conservadores e buscam não arriscar seus milhões de dólares em algo ainda incerto. E o efeito se repete no cinema nacional. Mas bons longa-metragem de diversos gêneros foram produzidos no ano passado e neste, como o caso de Kasa Branca e Viva a Vida, fora as estreias que estão por vir, como Vitória, baseado no livro Dona Vitória da Paz (Editora Planeta), de Fábio Gusmão, Homem com H, cinebiografia de Ney Matogrosso, e os elogiadíssimos Manas e O Último Azul.


Assista ao trailer de Vitória, novo filme protagonizado por Fernanda Montenegro e dirigido por Andrucha Waddington:



Agora, fico aqui na torcida para que os brasileiros agarrem novamente as cores verde-amarelo, um bem de todos, e nas próximas vezes que formos ao cinema, a escolha por um filme nacional não seja a última opção, mas que ao sairmos de casa, o desejo seja o de assistir a um filme nacional como a primeira grande opção e pela boa produção.


Abraços Literários,

1 Comment


Acabo de ver um vídeo sobre esse filme com a Fernanda mãe,o cara acha que ela pode ser cancelada pela abordagem polêmica do longa.

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