OPINIÃO PÚBLICA | Leitora voraz? Rafa Kalimann gastou 10 mil reais em livros
- Blog Vida de Escritor
- 1 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de ago.
A manchete acima poderia até ser de uma intelectual que ganhou na Mega-Sena, mas é só uma influenciadora com dinheiro que quer decorar a casa com conhecimento, ou pelo menos reproduzir uma bela vitrine de lombadas e capas artísticas.
Virou notícia essa semana, nos principais veículos que gostam de cuidar da vida alheia das celebridades, que a ex-BBB Rafa Kaliman e o cantor Nattanzinho gastaram cerca de R$ 10.000,00 na compra de livros para decorar a casa nova do casal.

Rapidamente, o algoritmo passou a entregar a publicação para diversos usuários que rapidamente passaram a criticar a atitude do casal, e nas horas seguintes, o valor da compra e os títulos foram anunciados nos portais de fofoca e a revolta aumentou ainda mais. Sim, furou a bolha e você deve ter ao menos ouvido falar sobre o assunto. E eu também.
A modelo foi ao seu X (antigo Twitter) e, como diria vovó: “colocou a boca no trombone”, pediu que quem estava opinando sobre a sua vida fosse ler um livro, e disse que em seu Instagram tinham destaques que ela disse que valem como dicas de leitura.
Sendo sincero, não acreditei que a ex-BBB havia indicado leituras em qualquer uma de suas mídias sociais. Fui conferir e errei, mas não tão feio! Havia indicações de leitura? Sim, mas de livros hypados como A natureza mordida, de Carla Madeira; Bambino a Roma, de Chico Buarque; O peso do pássaro morto, de Aline Bei, e entre os mais clássicos, Vidas secas, de Graciliano Ramos. Todos conforme o público que conversa diretamente com o perfil da moça, o que chamamos de persona no marketing.
Achei curiosos os títulos que não estavam tão fáceis de serem encontrados no Instagram da influenciadora com seus mais de 20 milhões de seguidores. E mesmo que a jovem seja uma leitora assídua, já que segue a ideia de Djavan em ler justamente em “um dia frio, um bom lugar pra ler um livro...” (embaixo das cobertas), ou ao concretizar um dos sucessos de seu marido “O que eu mais quero é te amar na praia...”, o livro foi na mochila...
Os livros que Kalimann apresenta casualmente em suas mídias sociais, são para que seu perfil fique em lugar de destaque aos seguidores, onde um ou outro leu uma obra, ou ao menos, conhece o nome do autor. Em outras palavras, ou ela é muito bem assessorada, ou conhece bem quem a segue e fez um bom curso de marketing digital, ou até a graduação.
Sem contar que os stories estão bem escondidinhos e misturados a séries, filmes e peças, e bem distantes de publis e Jobs da Brahma, Coca-Cola e outras poderosas.
Para encerrar a empolgante pesquisa que fiz no perfil da moça, havia, ainda, leituras de livros sobre atuação, com obras de Shakespeare e das feras da nossa dramaturgia Fernanda Montenegro e Marília Pêra. Esses, provavelmente para ver se há alguma fórmula mágica de como deixar de ser mecânica em cena, Deus queira que ela não esteja na próxima novela das 21h, outra forma que faz Kaliman ganhar os holofotes, visto que mesmo que a PlimPlim queira, a moça não cai na graça do público, mesmo com a insistência de colocá-la em diversos game-shows e produções de teledramaturgia.

E agora, voltando a questão dos livros decorativos, em minha trajetória no mercado editorial, trabalhei com os ditos livros de decoração, mas que antes disso, tem muito, e por vezes, ÓTIMO conteúdo, seja com receitas de chefes renomados, com imagens únicas de fotógrafos de alto nível, ou as famosas edições de colecionadores, como o Diário de Anne Frank, ou Dom Quixote de la Mancha. A leitura das obras vale muito mais do que uma mera decoração e, daqui a cinco anos, serão substituídos, visto que a poeira sempre pega os coitadinhos dos livros em cheio.
Só consigo entender algo que a psiquiatra que me atende disse, sim, eu passo com psiquiatra, mas como ninguém lê este blog, posso contar sem medo de ser feliz... Algumas pessoas têm tanto dinheiro, que não sabem nem com o que gastar, e, como diz uma frase bem famosa, cuja autoria é disputada, ou concedida, por meio mundo, já que não encontrei um único autor para ela, mas que diz: “Tem gente que é tão pobre, que só tem dinheiro”.
E entendi que muitos dos ex-BBBs conseguem (só) esse dinheiro. Será o seu caso, Rafa Kalimann? Se não for o seu caso, passe a lista dos livros que comprou. Vou querer uns emprestados e prometo devolver! SQN!
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