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Jovem em Destaque | GABRIEL CALAMARI é ator, diretor, roteirista e escritor

Aos 28 anos, o jovem tem uma grande vivência no mundo da arte, atuou em produções como 3% (Netflix), Malhação (TV Globo) e Soy Luna (Disney Channel Argentina)


Gabriel Calamari estudou Cinema na FAAP (Fundação Alvares Penteado) e dirigiu videoclipes, escreveu o roteiro de filmes e séries e, recentemente, estreou como diretor-autor de seus próprios projetos. Tem um talento nato para a arte e por isso tem diversos projetos na carreira e sempre é muito bem sucedido.


O rapaz é a cara da juventude de uma geração que pode ser isso ou aquilo, tudo ao mesmo tempo e por isso é um grande Jovem em Destaque. Em nosso bate-papo, falamos de sua carreira, projetos, sobre sua nova jornada, agora como escritor e seus próximos desafios.


Imagem: Assessoria de Imprensa


Eliaquim Batista: Seu início na carreira artística foi no teatro através da Oficina dos Menestréis, de Oswaldo Montenegro. Como foi começar com esse baita artista ao lado?

Gabriel Calamari: O início da minha carreira profissional não se deu na Oficina, foi um pouco depois com outra peça de teatro, mas o início da minha trajetória no teatro pode-se dizer que sim. Eu fiz teatro na Fundação das Artes e logo depois, meio que em paralelo comecei a fazer teatro na Oficina.

Profissionalmente dentro da Oficina, um pouco mais pra frente quando eu já estava "rato de palco", eu comecei a trabalhar profissionalmente na companhia do Oswaldo e foi superlegal, foi maravilhoso, fez parte da minha formação artística.

O primeiro contato que tive com a arte foi no teatro, mais especificamente com o Oswaldo, e me abriu um mundo de possibilidades dentro teatro.

Depois fui de maneira um pouco autodidata estudar o que eu não tinha conseguido estudar, pois tive que largar a Fundação das Artes pois ia ter teoria do teatro, coisas do tipo, então larguei e fiquei só na Oficina e pra viver de fazer peça, fazer tudo na Oficina.

De segunda a sexta estava enfiado lá. Meu último ano do colégio praticamente não existiu, porque eu saía da escola meio-dia e voltava pra casa onze da noite, passava o dia inteiro na Oficina, ia jantar com a galera, enfim.

A Oficina foi responsável a me ensinar como era trabalhar com a arte, com teatro e tudo que fui descobrindo, conhecendo, foi um pouco desse impulso com a Oficina.

E meus pais já ouviam muito MPB desde sempre, fui criado ouvindo MPB, então eu já conhecia o trabalho do Oswaldo através das canções e dos discos, meus pais tinham loucura por ele, aí foi meio que coincidência. E trabalhar com ele era uma coisa bem pitoresca. Tem gente que ama, tem gente que odeia, eu gostei muito! Foi incrível, acho que ele é um baita diretor. Enfim, aprendi muito com ele.


Eliaquim Batista: Você fez diversos trabalhos no teatro, cinema e tv, mas um dos trabalhos que te trouxe mais notoriedade foi Malhação: Viva a Diferença, em 2017 e 2018. Como é atuar em uma novela e como foi dar vida ao Felipe, seu personagem na trama?

Gabriel Calamari: Primeiro Malhação fez parte da minha juventude e tantas outras no Brasil. Acho que está no inconsciente do jovem brasileiro dos últimos tempos. Talvez para as próximas gerações isso já não faça mais sentido, mas fez parte da minha e foi muito legal fazer parte de outra geração através da Malhação.

É meio que um fardo, uma coisa que se carrega falar: “Eu já fiz Malhação, “Eu sou um ex-Malhação”, não por parte da fama, mas de ter participado da juventude do brasileiro em um certo período. Não ligo tanto pra isso de fama, mas foi muito legal pois o feedback foi muito bom. Se você fosse medir o Ibope, foi uma das melhores temporadas, melhores eu digo em termos de números, já que a tv vive de números, dos últimos tempos.

Mas isso tudo não me diz nada, eu participei e foi muito enriquecedor pra mim do ponto de vista profissional, mas também pessoal. Acho que amadureci muito durante esse processo. Fora que o exercício de se gravar todos os dias durante um largo período, é muito bom pro ator. Você está muito em dia.

É como aqueles vídeos daqueles meninos que jogam lutinha, você estar lá, todo dia praticando, treinando e atuando, porque novela é uma coisa muito rápida, não tem muito tempo pra nada, aí você fica com o seu físico de ator em dia, sabe? E Malhação te permite isso.

E foi um sucesso absoluto, ganhamos o Emmy, foi incrível! Mas confesso que eu cheguei em Malhação já tinha feito outras coisas, então foi somando. São públicos diferentes, daquilo que eu tinha feito na Disney, era um público de TV fechada, era na Argentina, para um público latino-americano, entendeu?

Aí depois fazer uma coisa que estritamente brasileira e muito popular, vivi um outro fenômeno também.

Foi muito legal pra mim! Foi um aprendizado, mas também eu não aprovo muito uma postura da maioria dos meus colegas que saíram da Malhação e esqueceram que saíram da Malhação, sabe? Esqueceram de amadurecer, esqueceram de uma certa responsabilidade com fazer parte de um amadurecimento de um público que um dia te criou.

Do nada você fica órfão de uma fama, de estar em um horário na TV, na Globo, tal. Daí você precisa saber o que fazer com isso e muita gente não sabe. Isso é ruim, tem que saber que cada um tem o seu caminho depois da Malhação e não achar que você será bem-sucedido só porque você fez Malhação. Seja se você quer fazer ator, diretor, escritor, autor, sabe?

Eu optei por não fazer mais novelas, foi uma bela experiência, mas eu preferi seguir outros caminhos, testar outras coisas, estar sempre em movimento. Pois senão você vira um cara "Ah o ex Malhação", então é preciso se reinventar, amadurecer e saber que aquela fama, aquela coisa do jovem brasileiro te parar na rua, é passageiro.



Eliaquim Batista: Agora você publica seu primeiro livro, Porto Seguro (Buzz Editora), um romance para adolescentes e jovens. Como decidiu entrar na literatura? E este é o primeiro de muitos livros ou é apenas um sonho realizado?

Gabriel Calamari: A pergunta que todo mundo me faz (risos).

Como tudo na minha vida, eu não entrei, meio que foi acontecendo, sabe? Eu sou um pouco assim, só vou acontecendo eternamente. Não fico planejando muito, isso nunca funcionou muito comigo. Acho que quem planeja se frustra um pouco e eu prefiro ir acontecendo.

Claro que existe um planejamento de projetos, de coisas que quero fazer, mas eu não fico dando passos mais genéricos do tipo "Ah vou escrever um livro, depois quero fazer isso, aí construir uma ponte". Não fico pensando muito, só vou.

E a literatura sempre fez parte da minha vida como leitor, eu sempre gostei muito de ler, principalmente dessa combinação de literatura para outras coisas, pois a literatura é um portal! Depois de uma história, mil outras podem surgir na minha cabeça.

Quando eu fiz meus 18 anos, fui estudar cinema, não queria estudar artes cênicas, não queria mais estudar como ator, eu queria dirigir, escrever, pois, eu tinha vontade de contar as minhas histórias.

Aí nesse momento pensei: "Nossa literatura é uma coisa legal, eu sempre gostei" e me aproximei mais na época da faculdade.

Quando um pouco antes da pandemia eu escrevi Porto Seguro, que era um roteiro de cinema antes de tudo, eu rescindi o meu contrato com a produtora, pois a gente não sabia quando a coisa ia pra frente. Então pensei que estava na hora de transformar em livro.

Fui incentivado por uma ex-namorada, que falou "Você tem que escrever, senão você vai pirar na pandemia". E um pouco antes de começar aquele inferno da pandemia, eu comecei a escrever e acabou que gostei muito mais que o roteiro. Joguei o roteiro no lixo e decidi escrever o livro e a partir do livro, eu vou fazer um novo roteiro.

Me debrucei sobre as escritas do protagonista, me coloquei muitas vezes no lugar dele e aconteceu.

Daí passou o tempo e eu conheci o pessoal da Buzz por um acaso, conheci o Anderson, dono da editora, e falei que tinha uma história assim, assim, assim. Comentei desse subconsciente do jovem que sempre quis ir para Porto Seguro [Bahia], que todo mundo sabe o que é Porto Seguro na vida do jovem, uns imaginam, outros passaram por isso, etc. E foi indo, tive liberdade total para criar a história do jeito que eu quis, além da capa, a orelha do livro, tudo!

Foi um processo natural, acidente de percurso, mas um acidente muito bem-vindo.



Eliaquim Batista: No livro, conhecemos André, um adolescente que acabou de sair do Ensino Médio. Pode nos contar um pouquinho mais sobre o protagonista e o enredo?

Gabriel Calamari: O livro é contado a partir da perspectiva do André que é um jovem de 18 anos. Ele conta a experiência do ano anterior, de quando ele tinha 17. Mais precisamente os três últimos meses que encerram o último ano do colégio.

O André é o underdog da escola, ele não é o mais popular, mas também não é o zoado, ele é um cara à margem do colégio e está em crise com a geração dele, com as coisas dele, com a vida dele, ele está em crise com tudo isso.

Ele é um cara que gosta muito de ler, que tem os seus heróis dentro do mundo da literatura, mas que acha a vida do mundo real muito chata e enxerga tudo de uma maneira muito pessimista. Ele é muito reclamão, resmungão, ele gosta muito de cinema, mas ele é meio escanteado no colégio, meio invisível.

Então ele começa contar sobre esses últimos três meses e como a vida dele virou de cabeça pra baixo e acabou descobrindo muitas coisas nessa fase final do colégio. E dentro dessas coisas que ele descobriu, Porto Seguro é uma delas, que é um tabu, pois no colégio todo mundo só fala disso.

Ele está de saco cheio porque não tem dinheiro pra ir pois pais dele faliram. O pai dele era um escritor que foi demitido na época das crises dos jornais impressos, um Grupo Abril da vida, o jornal fecha, ele é demitido e a família está a três anos no sufoco e o André não tem grana pra ir para Porto [Seguro] e também por isso ele detesta, mas ele não curte a ideia de ir pra Porto, acha meio cafona, tem as suas críticas, tal. Mas enfim, Porto Seguro não é uma realidade pra ele e por isso rejeita a todo aquele culto.

E o André tem dois melhores amigos, o Rafa, que é um gordinho muito rico, muito playboy e que tem conflitos com seu próprio corpo, tem uma compulsão alimentar, exagera na comida e todas suas angústias são descontadas na comida, mas ele é louco para ir para Porto Seguro e para ele não é um problema, pois ele tem grana.

Aí ele tenta convencer o André e a Michele, que é o terceiro elemento dessa trinca de amigos. Ela também tem seus 17 anos e também tem seus conflitos. E os três, cada um à sua maneira, lidam com todos esses temas, entre eles, Porto Seguro, que age de maneiras diferentes em cada um.

A Michele, o terceiro elemento dos amigos, ela trabalha em uma lanchonete, mora com os avós, ela é órfã, então ela tem alguns conflitos, entre eles um conflito com sua sexualidade.

Chega um determinado momento que eles têm um conflito em comum, então decidem embarcar juntos na aventura que envolve amor, uma paixão do André e o livro começa a se desenvolver nesses últimos três meses. E esse acontecimento comum na vida dos três, vira tudo de cabeça pra baixo e eles vão descobrir que Porto Seguro pode não ser só uma praia ou uma viagem para a Bahia, mas muitas outras coisas.


A poucas semanas da formatura do terceirão, os alunos do colégio Tom Jobim só pensam em uma coisa: a viagem de formatura para Porto Seguro, regada a axé, cachaça e beijo na boca. O futuro destes jovens de classe média gira em torno da cidade mais badalada da Bahia. Mas André e Michelle, embora animados com o fim do ensino médio, são grandes amigos que precisam lidar, cada um a seu modo, com os dilemas de quem está a meses de entrar oficialmente na vida adulta, mesmo sem saber se estão prontos para participar desse rito de passagem.


Gênero: Ficção brasileira | 240 páginas | Buzz Editora | Adquira seu exemplar



Eliaquim Batista: Você é formado em Cinema e em 2023 você se desafia em dirigir seu primeiro longa-metragem. Pode nos contar um pouco sobre o filme, o que espera e outras novidades dos próximos meses?

Gabriel Calamari: Sim, eu estudei cinema e vou dirigir meu primeiro longa-metragem, que também é uma ode à juventude moderna. Eu me dediquei muito para falar com esse público nos últimos anos e agora estão saindo os primeiros projetos que dialogam com a geração Z.

É um road movie latino-americano, é uma coprodução Brasil - Argentina. São três protagonistas, duas argentinas e uma brasileira. A Malena Narvay e a Carolina Kopelioff, da Argentina, ambas moram em Buenos Aires e a protagonista brasileira ainda não posso falar, pois não está 100% confirmada.

O filme conta a história de duas estudantes de cinema e roubam a cinemateca da faculdade em um ato de protesto, já que o governo vai fechar a cinemateca da faculdade por falta de verba. Elas roubam todos os equipamentos que estão lá e decidem sair pela estrada e fazer um filme com aqueles equipamentos e contando essa história.

Durante essa brincadeira de metalinguagem, elas conhecem uma brasileira na estrada, a outra protagonista e essa brasileira entra no filme, nessa crew na estrada, esse road movie que é uma brincadeira que fala de um filme fazendo um filme, e aí automaticamente um segredo da brasileira faz essas três meninas virem parar aqui em São Paulo, para resolver um assunto inacabado da brasileira.

Então é um filme sobre metalinguagem, sobre cinema, sobre existencialismo. O filme brinca com outros filmes do mesmo gênero, é um roteiro muito verborrágico, muito poético, mas que levanta reflexões e bolas que estão aí nessa juventude que a gente não sabe responder, como o uso excessivo da tecnologia, uso excessivo de redes sociais, o emburrecimento da própria geração, isso não sou eu que estou falando e sim sociólogos, estudiosos do tema, enfim.

E são sobre esses vários conflitos que a gente fala um pouco pessimista, mas com um contraponto que mostra o mundo como ele é, então tem todos esses debates acerca da nossa vida, que já são levantados hoje em dia no cotidiano, nos jornais redes sociais e exponho para os conflitos do filme.

Esse promete ser o primeiro road movie latino-americano sobre a geração Z.


Siga o Gabriel Calamari no Instagram: @gabrielcalamari


Abraços Literários,


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