Desde o ano passado, o mercado editorial está se movimentando contra a reforma tributária proposta pelo Ministério da Economia, que abre uma brecha para a taxação do livro em 12% — apesar de a Constituição prever que esse é um produto isento de impostos.
Na última semana, em documento oficial para defender o novo tributo, a Receita Federal afirmou que "pobres não leem". Será que isso é verdade? Reunimos aqui uma série de dados que mostram como essa afirmação é tendenciosa: segundo a pesquisa Retratos da Leitura, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019, mas a maior parte deles não está entre as classes C e D. A queda mais brusca ocorreu entre os mais ricos e escolarizados: menos 12 pontos percentuais (de 82% para 60%) entre famílias com renda de mais de dez salários mínimos, e de 11 pontos percentuais entre famílias de cinco a 10 salários mínimos. Segundo a pesquisa, pessoas com formação superior representam a maior queda entre todos os níveis de escolaridade: apenas 68% se declaram leitoras, contra 82% da última edição.
Mas o que significaria aumentar o valor do livro? Com o produto mais caro, o acesso à cultura passará a ser cada vez mais restrito e menos democrático, cenário que deve emperrar a difusão de conhecimento em um país que já apresenta baixos índices de leitura. Para 22% dos brasileiros leitores, o preço é o principal fator na hora de comprar um livro, e este percentual salta para 28% entre quem recebe de um a dois salários mínimos.
E como você pode ajudar? Assinando a petição e compartilhando a hashtag #defendaolivro em suas redes sociais.
Fonte: Editora Todavia
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