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Papo com Escritor | LARISSA CAMPOS | Livro: A CASA DO POSTO

"O Jornalismo incentiva e estimula meu olhar para os detalhes do cotidiano, para as invisibilidades sociais e isso, naturalmente, enriquece minhas experiências de escrita, na ficção e fora dela."

Conta a jornalista durante o nosso bate-papo.


A manauara Larissa Campos (@laricampos10) viveu boa parte da sua vida em Mato Grosso e foi na UFMT que se formou em Jornalismo e Direito. Em boa parte da sua infância viveu em um lugar nada convencional, um posto de gasolina, e essa foi a deixa para seu livro de estreia, A Casa do Posto, lançado pelo selo Auroras, da Editora Penalux.


Foto de Bruno Sampaio Ricci


Confira agora a entrevista onde a autora fala de seus primeiros anos de vida, seu dia-a-dia, o lançamento de seu livro de contos, além de planos futuros no mundo da literatura.


ELIAQUIM BATISTA: Para começar nossa conversa, pode contar um pouquinho sobre a sua infância?

LARISSA CAMPOS: Embora tenha nascido em Manaus (AM) e vivido os primeiros anos da minha infância no Rio Grande do Sul, as lembranças mais vivas desse período falam de Mato Grosso, onde cheguei aos cinco anos. E foi em meio ao Cerrado que vivi a experiência de uma infância nada convencional, criada por quatro anos às margens da rodovia, no pátio do posto de combustíveis em que meu pai era gerente. Viver num lar improvisado, no escritório do posto, exigia cuidados redobrados da família e proporcionou experiências únicas. Como escrevi em um dos contos do meu livro “A casa do posto”, desde muito cedo aprendi a reconhecer bitrens, rodotrens, os diferentes tipos de veículos para diferentes tipos de cargas. Eu e minha irmã, um ano e meio mais nova, éramos diariamente colocadas em contato com pessoas e elementos que estavam muito distantes da rotina da maioria das crianças. Esse universo marcou nossas existências, estimulou a imaginação, aguçou sentidos e virou substância para a vida criativa.


ELIAQUIM BATISTA: Seu lado jornalista ajudou em sua vida como contista? E como decidiu escrever o livro?

LARISSA CAMPOS: Trabalho como jornalista desde 2010 e, na minha trajetória profissional, sempre estive em busca de boas histórias para contar. O Jornalismo incentiva e estimula meu olhar para os detalhes do cotidiano, para as invisibilidades sociais e isso, naturalmente, enriquece minhas experiências de escrita, na ficção e fora dela.

Sobre a decisão de escrever “A casa do posto”, era uma vontade guardada fazia um tempo. Sempre entendi que a vivência dos tempos do posto poderia me alimentar criativamente e assim aconteceu. Entre cursos e oficinas de escrita que eu fazia, as temáticas da infância se acendiam com frequência e aquela moradia improvisada me rondava. Foi no segundo semestre de 2019 que dei início a um trabalho de mapear elementos e histórias que eu gostaria de contar, tendo o universo do posto como gatilho.

As primeiras versões das histórias nasceram entre março e outubro de 2020 e, depois disso, foram submetidas à leitura crítica e veio o processo de reescrita, tão fundamental para encaixar a tônica almejada. Algumas pessoas me perguntam por que decidi utilizar o gênero conto ao invés de escrever um romance. Nas rodas de conversa que se formavam no pátio do posto, alguém sempre tinha uma história interessante para compartilhar, todos ouviam com atenção. Eu senti que trabalhar com o conto poderia simular essa experiência e jogar o leitor nesse pátio, como se ele próprio estivesse nessas rodas de conversa, ouvindo as histórias.


Foto de Bruno Sampaio Ricci


ELIAQUIM BATISTA: No seu livro "A casa do posto", você mistura fatos reais da sua vida, mas a obra é composta por contos fictícios. Como é misturar os dois mundos?

LARISSA CAMPOS: Do ponto de vista de quem escreve, misturar os dois mundos é um recurso interessante, me permitiu aprender muito ao longo da construção das narrativas. Mas não entendo como algo mais fácil, pelo contrário. De cara, exige o desprendimento que é não ter compromisso com a verdade, não se sentir atrelado a ela, mesmo que isso envolva gente conhecida, que participou e, muitas vezes, ainda participa de nossas vidas. Os pactos de veracidade são quebrados quando optamos pela ficção e isso guia os trabalhos autoficcionais.

Para quem lê, essa mistura de elementos autobiográficos e ficção geralmente suscita identificação e curiosidade quanto ao que de fato ocorreu. Recebo muitas mensagens a respeito disso e, a partir delas, tenho a oportunidade de trocar com leitores e receber suas impressões. Tem sido um processo gostoso, enriquecedor.

No campo da identificação, também sou procuradora por pessoas que viveram situações inusitadas na infância, moraram em lugares improvisados como um carro, um caminhão e até mesmo em postos de combustíveis. Cheguei a brincar que vou fundar uma associação para reunir esse pessoal.


ELIAQUIM BATISTA: A partir do seu livro, foi criado um podcast em formato de audiodrama. De quem foi essa ideia maravilhosa, pois sou viciado em podcast, e onde podemos escutar?

LARISSA CAMPOS: Eu também adoro podcast e vejo que é um ótimo recurso para divulgação literária, não apenas nos clássicos programas de bate-papo, mas como ferramenta para criação de séries em áudio. A ideia do audiodrama nasceu enquanto eu reescrevia as histórias de “A casa do posto”, em algum momento de 2021, e por mais que eu gostasse da proposta, sabia que seria complicado executar, por conta do acúmulo de demandas relacionadas ao livro e outros trabalhos. Foi quando decidi procurar a Altia Podcasts, uma produtora especializada, para compartilhar a ideia com eles e sondar a viabilidade. Eles toparam de imediato. Auxiliei no processo de adaptação dos contos e o restante ficou por conta deles: produção, seleção dos atores para gravar as vozes dos personagens, montagem, edição. O resultado ficou incrível! A série reúne versões dramatizadas das histórias, conta com oito episódios e quem assina a direção é a Gabriela Peixoto.

Para ouvir, basta procurar por “A casa do posto” nos principais tocadores de áudio.


Foto de Mellissa Rocha


ELIAQUIM BATISTA: E seu futuro no mundo dos livros? O que podemos esperar? E de sua vida pessoal também.

LARISSA CAMPOS: Atualmente, tento reunir e organizar contos que escrevi entre 2020 e 2022, a maior parte deles nunca foi publicada. Talvez esse movimento se transforme em outro livro de contos. Além disso, trabalho na criação de um romance, o que tem consumido praticamente todo o meu tempo disponível para escrever. Iniciei recentemente a pós-graduação em Escrita e Criação coordenada pela Socorro Acioli, autora e estudiosa de Literatura que muito admiro. É sempre tempo de estudar, é sempre tempo de aprender. Esses lemas me acompanham pela vida, nos caminhos literários e não-literários.


Saiba mais sobre a autora em seu site: www.laricampos.com

Siga a Larissa Campos em seu Instagram: @laricampos10


Saiba mais detalhes de A Casa do Posto: Um posto de combustíveis de rodovia, lugar que na lembrança de quem está de passagem pode ser corriqueiro , torna-se o porto seguro de uma família. Esse é o ponto de partida de personagens que, na verdade, por quatro anos, não partiram, se mantiveram fixos nesse ambiente incomum para uma residência. Na gerência do estabelecimento, Jorge cuida também de Maria, Silvina e Vitória. A casa do posto, livro de estreia de Larissa Campos, apresenta cenas da rotina desses habitantes. O bonito dos sonhos é vê-los crescer e ganhar a forma inevitável da realização. [...] O selo Auroras tem a honra de publicar as comoventes histórias dessa autora capaz de nos colocar, até a última página, residentes de um lar improvisado. [...] Encha o tanque de boas crenças nesta leitura! [Dani Costa Russo]



Abraços Literários,


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